quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Arquitectura em Crise

Em Junho do ano passado, Eduardo Souto de Moura recebia em Washington o prémio Pritzker das mãos de Barack Obama. Era a segunda vez que a Hyatt Foundation distinguia um projectista Português com o mais importante galardão da Arquitectura mundial, depois de Álvaro Siza o ter recebido em 1992. Seis meses depois, a falta de projectos novos está a criar uma situação que não parece bater certo com o prestígio internacional alcançado pela arquitectura Portuguesa. "É muito grave. Estão quase todos os ateliers com muitas dificuldades", diz João Belo Rodeia, o presidente da Ordem dos Arquitectos, segundo o qual o problema nem sequer é novo. "Estamos a acompanhar isto há dois anos e eu já disse que caminhamos para uma situação em que 40% dos arquitectos portugueses estarão desocupados", acrescenta. Álvaro Siza, por exemplo, já despediu quatro dos 13 colaboradores do seu atelier. Carrilho da Graça passou dos 36 projectistas que tinha ao seu serviço para apenas vinte. "E há casos piores", assegura. Ou seja: os Arquitectos estão a sentir na pele a frase que Souto de Moura proferiu, em Junho, no Mellon Auditorium: "A solução para a arquitectura Portuguesa é emigrar." "As razões são óbvias. Sem trabalho, as pessoas não podem estar a olhar para a parede. Se telefonar para qualquer escritório, dir-lhe-ão a mesma coisa: há pouca obra e há atrasos no pagamento das obras públicas", disse Álvaro Siza ao PÚBLICO, recusando-se, porém, a referir casos concretos de incumprimento. "O problema agora é que não conseguimos perceber quais são as perspectivas para o futuro. Os privados não têm crédito bancário para investir e também não percebemos o que é que o Estado pretende fazer. Por outro lado, a administração pública deixou de contratar arquitectos e essa foi, durante anos, uma saída profissional importante", continua o presidente da Ordem dos Arquitectos. Alexandre Alves Costa também alude a atrasos no pagamento dos projectos, ao que se soma o não cumprimento dos prazos contratualizados. "Mas o problema maior é a total ausência de investimento público, e o investimento privado é episódico: uma casita ou outra de férias, mas que não dá para pagar sequer as despesas de funcionamento do atelier ." Manuel Aires Mateus acrescenta ao rol dos problemas "a falta de compreensão do valor do trabalho". "Recebemos propostas ofensivas e quase humilhantes", concretiza Alcino Soutinho, que reduziu o número de colaboradores em cerca de 60%. "Ficaram os mais antigos e mais experientes."
Isto está mesmo mal... Eu sou Designer e trabalho num gabinete de Arquitectura há 4 anos e sei como as coisas funcionam e como as coisas andam. Acreditem que isto não está nada fácil. Esta é a realidade, meus amigos...

Pode ler mais em: http://www.publico.pt/Sociedade/a-crise-chegou-a-arquitectura-e-os-ateliers-ja-estao-a-despedir-1530198

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